PRESIDENTE DA ASPE PARTICIPA NAS COMEMORAÇÕES DO DIA
INTERNACIONAL DO ENFERMEIRO DA ULS ESTUÁRIO DO TEJO, EPE

13 de maio de 2024


A Presidente da ASPE, Enfª Lúcia Leite, a convite da Enfermeira Diretora da ULS Estuário do Tejo, EPE, Enfª Ana Paula Eusébio, participou nas comemorações do Dia internacional dos Enfermeiros na Conferência "O valor económico da intervenção de Enfermagem na Saúde".

 

Esta conferência com a duração de 2 horas, onde participaram também Cristina Mesquita, Director of Clinical Operations Design and Control at Luz Saúde e Manuela Frederico Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, foi moderada pela Jornalista da SIC Ana Luísa Galvão.

 

Sem que tenha havido concertação ou planeamento foram abordadas 3 perspectivas distintas do Valor económico da enfermagem, que se complementaram.

 

 

Em síntese podemos dizer que:


  • o valor do trabalho é o trabalhador que o define em função da oferta e da procura, o que numa sociedade cada vez mais globalizada significa que são os países que melhor cuidam dos seus enfermeiros que vão poder usufruir dos seus cuidados.
  • os nossos enfermeiros estão a perder-se para a emigração, porque têm em Portugal más condições de trabalho, são mal remunerados, não têm perspetivas de progressão na carreira;
  • os nossos enfermeiros continuam a qualificar-se com mais competências especializadas e acrescidas sem que os empregadores atribuam valor económico/remuneratório a esse trabalho diferenciado;
  • o futuro da saúde dos cidadãos em Portugal, considerando o envelhecimento demográfico, o aumento de esperança de vida e mais anos com doença crónica e dependência será bastante negro se não investirmos nos enfermeiros e nas suas competências próprias;
  • o Governo precisa dar prioridade à saúde nas políticas intersectoriais e criar condições para reter em Portugal os bons enfermeiros que formamos, porque ENFERMEIRO é um bem muito escasso em todo o mundo - quem pagar melhor e tratar melhor vai ter, que não cuidar não contará com os seus cuidados!
  • em economia o que não é mensurável e contabilizado como resultado não existe. O Sistema de Saúde Português vai ter que alterar as suas métricas e apostar na promoção da saúde e prevenção da doença em vez de continuar a apostar na produção de atos para tratar o que não se evitou.
  • o SNS terá que alterar o modelo de financiamento de modo a que seja sensível aos resultados em saúde para a população e alterar o paradigma do foco no tratamento para o foco na prevenção e no cuidado de proximidade, porém isso não se faz sem atribuir valor às intervenções dos enfermeiros. Se não tornarmos visíveis os benefícios das intervenções de enfermagem vamos continuar a gastar o dinheiro que não temos em tratamentos caros, ineficazes e que só chegam a alguns!
  • os enfermeiros têm que passar a ser vistos pelos decisores políticos e gestores como um investimento e não como um custo.
  • os enfermeiros tomam decisões clínicas, têm assim o PODER de influenciar a eficiência, a eficácia e os custos. Em cascata os enfermeiros influenciam todo o ecossistema da saúde e são a resposta para a maioria das dificuldades de acesso a cuidados de saúde.
  • A compaixão e a empatia, competências próprias dos cuidados de enfermagem não podem entrar em qualquer algoritmo, por isso como afirma Yoval Noah Harari "Os médicos robôs vão chegar muito mais rápido do que os enfermeiros robôs".

 

A mudança começa quando os enfermeiros derem valor aos seu próprio trabalho, esforço e resultado. Quando os enfermeiros se valorizarem serão respeitados e reconhecidos pelas hierarquias, pelos dirigentes institucionais, pelos políticos e pelos cidadãos!

 

A mudança só depende de nós!